Armazenagem cresce em 2022, mas deve avançar menos em 2023

Armazenagem cresce em 2022, mas deve avançar menos em 2023

Publicado por Globo Rural ­– 30/12/2022

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Executivos afirmam que foi um “ano de ouro” no setor. Para o ano que vem, avaliam que demanda do mercado existe, mas falta de crédito e custo ainda está elevado, mesmo com alguma acomodação.

 

O aumento de custos da cosntrução civil e o esgotamento de recursos do Plano Safra para a construção de armazéns não impediram o setor de fechar 2022 com resultado positivo. Para representantes de empresas ouvidos por Globo Rural, foi um “ano de ouro” para os negócios com estruturas de armazenagem no Brasil.

“A demanda continua robusta e o sufoco dos fertilizantes já passou. Superamos pandemia, dificuldade na cadeia de suprimentos em quantidade e preço, inflação e devemos terminar o ano de forma excepcional”, afirma Piero Abbondi, CEO da Kepler Weber.

A indústria gaúcha tem uma participação de cerca de 40% de mercado. Até o terceiro trimestre deste ano, alcançou um lucro líquido de R$ 269,5 milhões, com margem líquida de 20,5% e aumento de 11,8 pontos percentuais quando comparado aos R$ 70,2 milhões no acumulado de 2021.

Para o diretor financeiro da empresa, Paulo Polezi, 2022 foi um ano muito bom porque a empresa estava preparada para capturar projetos de armazenagem dentro da conjuntura favorável do agro e reduziu pela metade o prazo de entrega, que chegou a 12 meses no período mais crítico da pandemia.

Daniel Belani, gerente geral de vendas América do Sul da GSI (braço de armazenagem da multinacional AGCO, dona também das fabricantes de máquinas Massey Ferguson e Valtra), ressalta que os fundamentos da área agrícola garantiram um mercado demandante de armazenagem. Daí os resultados positivos em 2022.

“Nos últimos 4 a 5 anos, crescemos acima de dois dígitos. O produtor está bem capitalizado, com rentabilidade boa em soja e milho e o Brasil acelerou o crescimento anual na produção de grãos.”

Paulo Bertolini, presidente da Câmara Setorial de Armazenamento de Grãos (CSEAG) da Associação Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamento (Abimaq) e dono da Gran Finale, acrescenta que o ano foi realmente de carteira cheia para as empresas do setor, mas destaca que houve uma queda brusca nos últimos meses devido à tensão com as eleições.

“Estamos olhando pelo retrovisor nessa época que seria de grande demanda. Houve um retardamento de novos negócios a partir de dois meses antes das eleições, principalmente nos projetos em fazendas. Eu mesmo parei de investir em tudo e nem máquina vou comprar”, afirmou o empresário, que também é produtor de grãos na região sul do país e diretor da Aliança Internacional do Milho (Maizall).

Abbondi, da Kepler, admite que houve uma interrupção, mas diz que isso ocorreu em todos os setores porque toda mudança de governo gera incertezas. “A Kepler se mantém confiante. O produtor está no meio da safra e deve começar a tomar decisões em fevereiro ou março. É só uma questão de “time” (tempo, em inglês) para ver como serão os juros e financiamento.”

Belani, da GSI, tem pensamento semelhante. “Não chamaria de paralisação e sim de momentos de certa apreensão, que não difere de eleições anteriores. O ritmo de tomada de decisão desacelerou nos últimos meses, mas, assim que as regras estiverem claras, o agro recompõe seu ritmo.”

Para os executivos, o mercado não deve ter o mesmo desempenho em 2023. Bertolini, da CSEAG, avalia que o próximo ano deve ser de retração. Abbondi, da Kepler Weber, também acredita que 2023 não deve ser tão pujante como 2022. Pontua, no entanto, que deve ser um ano bom para os negócios, porque o produtor tem que investir para enfrentar a pressão de não ter onde guardar os grãos e não perder dinheiro na hora da venda.

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