A Kepler Weber, de armazéns agrícolas, acaba de assinar um memorando de entendimento para adquirir o controle acionário da Procer Automação, empresa catarinense que atua principalmente com serviços digitais para armazenamento de grãos. O valor da transação não foi divulgado.

Segundo Piero Abbondi, CEO da Kepler, ambas as empresas trabalham com digitalização da cadeia produtiva no pós-colheita, mas a Procer está mais adiantada nesse serviço. “Começamos recentemente a oferecer esses serviços e temos 20% dos clientes da Procer nessa área”, afirma.

A Procer presta serviço de monitoramento para 10% da capacidade de armazenamento brasileira instalada. Segundo Murilo Schneider, sócio-fundador da empresa, essa abrangência gera uma economia de R$ 500 milhões para o agronegócio brasileiro. Para a conta, ele considera que o valor bruto da produção agropecuária de soja e milho é de mais de R$ 500 bilhões e que 1% dos cerca de 180 milhões de toneladas de grãos produzidos no país são perdidos na armazenagem.

A aquisição, que ainda passará pelo processo de due dilligence, deverá ser concluída em um intervalo de 60 a 90 dias. A Kepler — que, ao fim do primeiro trimestre deste ano, tinha R$ 160,7 milhões em caixa — usará recursos próprios para a compra. “Temos uma posição financeira que nos dá tranquilidade, mas se acharmos adequado no futuro, podemos olhar um financiamento para repor caixa”, diz Paulo Polezi, CFO da Kepler. “Como, após a conclusão da compra, a Kepler Weber passará a deter 50% mais uma quota, nossos balanços financeiros passarão a reconhecer a receita da Procer, consolidando o faturamento no resultado”, explicou.

Fundada em Criciúma em 2011, a Procer teve receita líquida de R$ 31,5 milhões em 2021, ano em que a Kepler Weber faturou R$ 1,2 bilhão. Além de oferecer equipamentos e softwares de controle para os silos, a empresa catarinense criou uma área de consultoria que define as melhores opções para cada safra, tipo e qualidade de grão. A companhia também executa projetos para secagem de grãos.

Os executivos das companhias reforçaram que a Procer seguirá com a estratégia de “amplo licenciamento” de seus produtos e tecnologias e atenderá de forma independente todos os fabricantes de silos e equipamentos, não apenas a Kepler Weber. Os sócios da Procer continuarão na gestão dos negócios.